Vítima no México, Ronaldinho Gaúcho se diz cansado de racismo: “Basta”

Chamado de “macaco” por um político local, brasileiro diz que insultos “ferem” e fala sobre sua adaptação ao futebol mexicano e ao Querétaro: " Estou muito contente"

Grande atração do futebol mexicano, Ronaldinho Gaúcho concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira. Entre outros assuntos, o brasileiro falou sobre sua opção por jogar no país, sua adaptação ao México e a situação do Querétaro no campeonato local. E o brasileiro não se esquivou quando indagado sobre o insulto racista de Carlos Treviño, integrante do conservador PAN - o político chamou o brasileiro de "macaco" em uma rede social no mês passado.

- Basta. Estamos todos cansados disso. É um assunto que fere, que vai além da cor da pele ou da nacionalidade. Espero que em breve tudo isso acabe – disse o brasileiro.

Ronaldinho Gaúcho reconheceu que ainda não está na sua melhor forma e que ainda passa por um período de adaptação ao futebol mexicano. No entanto, o craque prometeu dar alegrias ao clube em um futuro breve. 


- Estou feliz por estar aqui. O objetivo é ficar entre os oito primeiros.  Espero que em pouco tempo eu possa estar nas melhores condições para dar alegria aos torcedores. Pouco a pouco, vou me adaptando. Em pouco tempo darei alegrias ao clube. Estamos jogando bem, mas está nos faltando sorte com o resultados.


Ronaldinho Gaúcho https://www.facebook.com/negrossomosnos



Por fim, Ronaldinho disse que vem sendo muito bem tratado no México e revelou seu objetivo no país: conquistar títulos com o Querétaro.

- Eu fiz a minha história. Todos viram o que eu fiz, e espero que siga dessa maneira. Eu vim para cá porque o México tem um futebol que me encanta. O mexicano ama o futebol como o brasileiro. O que eu quero é ver o estádio cheio.

Eu vim para fazer o meu trabalho. Eu me divirto com ele. O Querétaro e todos aqui me receberam muito bem. Estou muito contente aqui. Vim com o objetivo de fazer história e levar o nome do Querétaro o mais alto possível.

Ronaldinho soma cinco jogos pelo Querétaro (quatro pela primeira divisão mexicana e outro pela Copa do México, em sua estreia) e acumula uma vitória, um empate e três derrotas. O clube também não atravessa boa fase no Campeonato Mexicano e, após 12 partidas, estacionou nos 15 pontos, na oitava colocação.


Casos polêmicos de racismo no esporte

Como tem chance da prática racista ocorrer em qualquer ocasião, o esporte tem sofrido muito com isso. Alguns jogadores, ou a própria torcida, agem de forma que denigre alguma pessoa, sejam por palavras ou atitudes. A rivalidade entre times pode ser uma das explicações, mas alguns casos se tornaram tão polêmicos que atingiram em cheio a mídia e as pessoas pela revolta do ato completamente errôneo.

Seguem alguns desses casos:

Grafite e Desácato 

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Em um dos casos mais polêmicos do futebol, o jogador Grafite, que atuava pelo São Paulo, em 2005, foi alvo de ofensas racistas do jogador Leandro Desábato, do Quilmes, time da Argentina.

Disputa pela competição Libertadores da América, os dois times se enfrentavam no estádio do Morumbi, em São Paulo, quando Grafite empurrou o rosto do zagueiro argentino e foi expulso de campo.

Ao justificar sua atitude, Grafite afirmou que foi vítima de racismo, ao ser chamado de “macaco” pelo argentino.

Desácato foi preso no gramado e ficou dois dias na prisão. Grafite prestou queixa contra o argentino, e o jogador só foi liberado após pagar uma multa de R$ 10 mil, e pôde voltar à Buenos Aires, mas se comprometendo a voltar ao Brasil durante o processo.

Algum tempo depois, Grafite retirou as queixas contra o argentino.

Danilo e Manoel

Durante a competição Copa do Brasil, Palmeiras e Atlético Paranaense se enfrentavam pelas oitavas de final, quando os zagueiros Manoel, do Atlético-PR e Danilo, do Palmeiras, se desentenderam no campo.

O motivo da briga ficou claro com a exibição das imagens depois, na televisão. Danilo teria dado uma cusparada no rosto de Manoel e o chamado de “macaco”.

O caso foi registrado como injúria qualificada por racismo e foi parar na delegacia. Os dois jogadores foram suspensos de alguns jogos depois. Danilo, pela cusparada e pela atitude discriminatória, e Manoel pela cabeçada no lance do escanteio e por ter pisado em Danilo, ato que confessou.

Tinga

Em 2005, o volante Tinga, do Internacional, ouviu ofensas racistas vindo da torcida do Juventude, pela disputa do Campeonato Brasileiro.

Toda vez que o jogador encostava na bola, era chamado de macaco por parte da torcida, mas ele não prestou queixas, deixou apenas por conta do árbitro registrar o ocorrido no jogo.

Marc Zoro

Em 2005, o jogador Marc Zoro protagonizou uma das cenas mais tristes do futebol. Na Itália, Inter de Milão e Messina se enfrentavam quando Marc Zoro ouviu músicas com teor racista por parte da torcida do time de Milão.

Abalado, não conteve as lágrimas e pegou a bola para sair do campo e entregá-la ao árbitro. Foi acalmado por Adriano e Obefami Martins, ambos do Inter de Milão e convencido a voltar ao campo.

Don Imus

Dom Imus não era jogador, mas as ofensas racistas ditas por ele se referiram a um time de basquete. Locutor de rádio, Imus apresentava seu programa da rede CBS ao narrar uma partida de basquete feminino. Durante o programa, Imus se referiu às jogadoras do time da Universidade de Rutgers como “putas de cabelo pixaim” em conversa com o produtor Bernard McGuirk.

Ele chegou a se desculpar pelo ocorrido, mas a repercussão com o caso foi tamanha que a rede americana CBS demitiu o radialista. 

Júlio Silva e Daniel Koellerer

O brasileiro Júlio Silva, jogador de tênis, sofreu ofensas racistas do também jogador de tênis, o austríaco, Daniel Koellerer. Durante a partida Challenger de Reggio Emilia, na Itália, Koellerer teria dito em alemão “volta a floresta, macaco” e feitos gestos imitando o animal.

O polêmico jogador é apelidado de Crazy Dani (Dani louco) no circuito e não é a primeira vez que reclamaram de seu comportamento.

O brasileiro oficializou uma queixa contra o austríaco.

Racismo virtual

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A prática de atitudes racistas deve ser punida sempre, mas com a modernização da tecnologia, algumas pessoas arranjaram outras formas de expressar o preconceito: pela internet.

Muitos redes de relacionamento virtual tem sofrido com isso, onde alguns usuários usam de forma revoltante esse espaço para soltar comentários discriminatórios.

Cabe destacar que não foi a internet que causou isso, mas ela serve apenas como um meio para determinadas pessoas atacarem as outras. Se o racismo vêm da pessoa, ela arranjará outra forma de expressar isso. E que fique claro que o racismo é crime em qualquer lugar que for expressado, seja pessoalmente ou por meios de comunicação.

Alguns casos de ofensas racistas pela internet causaram grande repercussão na população. Entre os casos, seguem alguns de grande polêmica:

Marcelo Valle Silveira Mello
Em 2005, o estudante de Letras na Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Mello discutia o sistema de cotas para negros na sua universidade pelo orkut. Durante essa discussão em uma comunidade do orkut, Marcelo se referiu aos negros e afrodescendentes como “burros”, “urubus”, “macacos subdesenvolvidos”, entre outras ofensas. O motivo da revolta seria os negros se beneficiarem com o sistema de cotas, onde um branco com nota bem acima do negro poderia perder a vaga por conta disso.

Denunciado por um usuário de São Paulo, o caso foi investigado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e transferido para inquérito para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A denúncia de racismo foi comprovada e o promotor do caso na época, Marcos Antonio Julião, obteve autorização da justiça para um mandado de busca e apreensão dos computadores da casa do estudante.

Após a apreensão dos computadores, foram reveladas provas do crime de racismo pela perícia.
A defesa de Marcelo afirmou que ele sofria de transtorno de personalidade emocionalmente instável, do tipo impulsivo. Ele chegou a ser absolvido do crime em 2008, mas o MPDFT recorreu em 1ª instância da decisão da 6ª Vara Criminal de Brasília.

O estudante foi considerado réu “semi-imputável”, que significava que ele tem capacidade de entender o ato que cometeu, mas só sabe parcialmente o que fez, pelo relator do caso, o desembargador Roberval Belinati. Nesse caso, a pena de Marcelo poderia ser reduzida de um a dois terços.

Para o desembargador, o racismo é crime inafiançável e não tem a desculpa de liberdade de expressão, uma vez que a conduta é criminosa.

Danilo Gentili
Na madrugada do dia 25 de julho, de 2009, o comediante Danilo Gentili postou em seu twitter (rede de relacionamentos) a seguinte frase: "King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?".

Foi o suficiente para causar uma repercussão entre os seguidores do comediante, que logo após a publicação, postou outro comentário. "Alguém pode me dar uma explicação razoável porque posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?".

O caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) e arquivado no dia 31 de julho de 2009. Segundo a assessoria do MPF-SP, não houve uma prática criminosa na frase de Gentili a ponto de precisar de medidas de um órgão federal.

O humorista fez um post no seu blog explicando a mensagem dita no twitter, pois os 140 caracteres permitidos pelo twitter não seriam suficientes. No seu blog, ele retratou o tema racismo além da piada.

Apesar de não ter sido considerado como racismo pela maioria das pessoas e o MPF-SP, o humorista estaria disposto a se desculpar com qualquer pessoa que teria se ofendido, mas não retiraria a mensagem do ar, ao assumir que realmente escreveu aquilo.

Reinaldo
Um usuário do orkut foi julgado por racismo contra índios por manter a comunidade “Índios... Eu Consigo Viver Sem”. Condenado pela Justiça Federal no Pará, ele recebeu pena de dois anos e seis meses de prisão, que foi convertida em prestação de serviços à Fundação Nacional do Índio (Funai). 


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Ele também teria de pagar R$ 20 mil de multa, mas cabendo recurso.

Segundo a Procuradoria da República, o usuário deixava explícito seu racismo ao escrever que concordava com a política norte-americana, e que deveriam matar todos os índios e passar a estudar a história deles “pós morten”, e denigria os índios. A comunidade já foi retirada do ar.

Em sua defesa, foi dito que ele não teve intenção de promover preconceitos raciais, e por isso, deveria ser absolvido. O usuário chorou e pediu desculpas pela atitude.

Para o juiz do processo, ele tinha consciência de suas atitudes, por estar integrada ao meio social, portanto, sabia as consequências de seu ato.

Lei e Penalidade

Em 1951, foi criada a Lei 1390/51, mais conhecida como Lei Afonso Arinos.

Proposta por Afonso Arinos de Melo Franco, essa lei proibia a discriminação racial no país, ou seja, a separação de raças diferentes.

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A lei Afonso Arinos se mostrou ineficiente por faltar rigorosidade em suas punições, mesmo em casos explícitos de discriminação racial em locais de emprego, escolas e serviços públicos.

Em 1989, foi criada a Lei 7716/89, mais conhecida como “Lei Caó”. Proposta pelo jornalista, ex-vereador e advogado Carlos Alberto Caó Oliveira dos Santos, essa lei determina a igualdade racial e o crime de intolerância religiosa.

Um dos maiores triunfos com o aprimoramento da lei contra o racismo foi sua pena. Crime de racismo é inafiançável, mas especifica a diferença entre atitudes que podem ser consideradas como racismo.

Crime de racismo x Injúria racial
O tema racismo ainda é complicado para muitas pessoas, principalmente quando se trata da lei. 

Mesmo com implantação de legislação contra o racismo, existem aqueles que não sabem diferenciar determinadas atitudes como prática de crime de racismo ou não.

Uma das maiores confusões que as pessoas podem cometer é confundir racismo e injúria racial.

Injúria racial ocorre quando são ditas ou expressadas ofensas a determinados tipos de pessoas, tendo como exemplo chamar um negro de “macaco”. Esse exemplo já ocorreu em vários casos no futebol, em que jogadores foram ofendidos por essa palavra e alguns entraram com processo. No caso, seriam julgados como injúria racial, onde há a lesão da honra subjetiva da vítima. A acusação de injúria racial permite fiança e tem pena de no máximo oito anos, embora geralmente não passe dos três anos.

Já o racismo é mais grave, considerado como um crime inafiançável e imprescritível. Para o crime ser considerado como racismo, tem que menosprezar a raça de alguém, seja por impedimento de acesso a determinado local, negação de emprego baseado na raça da pessoa. Como exemplo, pode-se considerar o impedimento de matrícula de uma criança em uma escola por ela ser negra.

Resumidamente, o racismo impede o prática de exercício de um direito que a pessoa tenha. A injúria racial se determina pela ofensa às pessoas por raça.

Como denunciar
A vítima deve registrar um boletim de ocorrência em uma delegacia e , em seguida, procurar um advogado para cuidar do processo, mas não é obrigatório um advogado para poder dar entrada no processo de discriminação racial.

Se a discriminação ocorrer no ambiente de trabalho, a vítima pode procurar o Ministério Público do Trabalho. Se a discriminação não se referir especificamente a uma pessoa, pode procurar o Ministério Público do Estado.

Discriminação racial

A história nos mostrou como os negros sofreram no passado com a escravidão e o preconceito. Separados dos brancos, os negros não eram respeitados e a discriminação não era algo raro. Mas com o tempo, o ser humano percebeu como tal atitude é completamente desnecessária e o racismo virou algo proibido por lei, tendo pena inafiançável.

Para entender melhor, qualquer exclusão, distinção, restrição ou preferência baseada na raça, cor e nacionalidade que tenha intenção de resultar ou anular o reconhecimento de exercícios é considerado como discriminação racial. Todas as pessoas, não importa a raça, tem direitos econômicos, sociais e culturais iguais.

Infelizmente, ainda existem pessoas que não tem tal compreensão e agem de forma que denigre e discrimina outros baseando-se somente na raça.
Algumas atitudes racistas que possam ocorrer em determinados locais são:

Ambiente de trabalho

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Qualquer procedimento que seja de recusa, falta de oportunidade ou anulação de emprego por parte da empresa ou agência de emprego baseada na raça da pessoa.
- Preferência nas ofertas de emprego ou recrutamento em anúncios e publicidade, baseada na tonalidade de pele da pessoa.
- Impedimento de permissão ou acesso em exercício de atividades econômicas.
- Brincadeiras ou comentários, tais como xingamento ou fofoca, que contenham ofensas racistas.

Escolas

- Impedimento de acesso ou matrícula em escolas públicas ou privadas.
- Comentários ou ofensas que tenham conteúdo discriminatórios.
- Falta de atenção ou preferência em alunos baseado na tonalidade da pele.

Outros

- Impedimento de acesso em locais públicos por discriminação racial.
- Recusa a prestar serviços de venda de imóveis pela cor das pessoas.
- Qualquer recusa de prestação de serviços às pessoas, baseada na raça.
- Qualquer atitude que fere, denigre ou rebaixe a pessoa baseando somente na raça.

Lembrando que, não é só porque a pessoa está nesses locais, ocorrerá atitudes racistas. O racismo pode acontecer em qualquer lugar, com qualquer pessoa. Os lugares citados são apenas casos que, infelizmente, podem ocorrer com mais frequência.

Escravidão no Brasil

A história da escravidão no Brasil se inicia com a colonização dos portugueses no país. Na metade do século XVI, eles trouxeram os africanos como mão-de-obra escrava e os vendiam como se fossem mercadorias. Os mais saudáveis e com maiores condições de trabalhar eram vendidos por um preço maior, comparado aos mais velhos e mulheres.

Na chegada dos portugueses, o Brasil era povoado pelos índios. Embora alguns foram utilizados como escravos no início, essa prática foi interrompida pelos missionários cristãos, pois eles queriam catequizar os índios, impedindo assim a escravidão com eles.

Além desse motivo, os índios não estava acostumados com o tipo de trabalho que a escravidão exigia. Como eram acostumados a apenas realizarem tarefas que eram necessárias para a sobrevivência, noções de produtividade não era de entendimento para eles.

Os escravos foram muito utilizados na produção de cana-de-açúcar, pois as lavouras sofriam de “falta de braço”, como era dito na época.

Vindos da  África, eles era transportados nos porões de navios negreiros, em condições precárias, onde não era raro morrerem antes de chegarem ao Brasil. Quando isso acontecia, seus corpos eram jogados ao mar.

E as condições de trabalho também eram lastimáveis. Além de trabalharem no sol, com roupas rasgadas, recebiam pouca alimentação e tinham de viver em senzalas, galpões ao lado das fazendas, e impedidos de fugirem.
Uma das características mais abusivas com os escravos era o uso de chicotes como castigo, em casos de tentativa de fuga ou apenas distração no trabalho.


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Além de todo sofrimento a que eram impostos, eram proibidos de praticarem a religião de origem. Tiveram de aderir ao catolicismo, e abandonar os rituais e costumes da África.
Com toda essa condição desumana a qual eram obrigados a acatar, as revoltas começaram a aparecer, e surgiram as tentativas de fugas em bandos para o meio da floresta. Assim, surgiram os quilombos, os locais de refúgio de escravos.

Abolições

Lei Bill Aberdeen – 1845
Promulgada no dia 8 de agosto de 1845, a Lei Bill Aberdeen proibia o tráfico de escravos entre a África e a América.

Contestado pela Inglaterra, o Brasil se viu numa situação sem saída, pois a Inglaterra tinha interesse em expandir seu mercado consumidor de produtos no Brasil e no mundo. Abolindo a escravidão, o números de consumidores de produtos industrializados aumentaria.

Com a aprovação da lei, o Reino Unido tinha permissão para interceptar os navios negreiros rumo ao Brasil, podendo submeter sua tripulação aos tribunais britânicos.

Lei Eusébio de Queirós – 1850
Aboliu de vez o tráfico de escravos nos navios negreiros. Como a Inglaterra estava determinada a eliminar o trafico, o Brasil encontrou apenas essa solução.

Aprovada no dia 4 de setembro de 1850, essa lei se diferencia das outras leis que proibiam o tráfico pelo fato de terem maior apoio dos chefes de polícia e um fortalecimento nas fiscalizações de navios negreiros.

Assim, os escravagistas tiveram de encontrar outra maneira de arranjar mão-de-obra.

Lei do Ventre Livre – 1871
Projeto de lei aprovado no dia 28 de setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre libertava todos os filhos de escravos nascidos a partir da aprovação da lei. De acordo com a lei, os filhos dos escravos teriam duas opções, ou ficavam com seus pais até os 21 anos ou seriam entregues ao governo.

O grande problema dessa lei foi que os fazendeiros mantinham esses filhos como escravos, mesmo com a aprovação da lei. Além de ter aumentado a mortalidade infantil por descaso com esses recém-nascidos, a ajuda financeira que os fazendeiros deveriam receber para cuidar desses filhos jamais foi recebida.

Lei dos Sexagenários – 1885
Projeto proposto pelo deputado Rui Barbosa, a Lei dos Sexagenários libertava todos os escravos acima de 60 anos, tendo os proprietários direito a compensação financeira para ajudar os ex-escravos. Assim como na Lei de Ventre Livre, proprietários de escravos jamais foram indenizados.

Além disso, eram poucos os escravos acima de 60 anos que tinham como se sustentar, pois ainda havia a concorrência com os imigrantes europeus.

Lei Áurea – 1888
No dia 13 de maio de 1888, foi sancionada a Lei Áurea, que extinguia a escravidão no Brasil. Assinada pela princesa Isabel, essa lei foi uma luta de todas as leis aprovadas antes, mas houve destaque no esforço e empenho da princesa Isabel, primeira mulher no Brasil a assumir uma chefia de Estado no continente americano.
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Antes de ser aprovada, essa lei foi apresentada uma semana antes pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva, passando pela Câmara e, sem demora, pelo Senado, até ser sancionada pela princesa.

O grande problema da lei é que, embora representasse uma grande batalha pelo fim da escravidão, não houve meios de integrar os negros na sociedade, onde eles pudessem se sustentar de forma independente. Por conta disso, muitos continuaram com seus proprietários para garantir a sobrevivência.

Apartheid

O apartheid foi um regime político de segregação racial na África do Sul. Esse regime foi adotado em 1948 e durou até 1994.

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A palavra apartheid significa separação, ou identidade separada, e durante esse período os brancos dominavam os direitos sociais, econômicos e políticos da sociedade sul-africana, mesmo com a maioria da população sendo negra.

História
A história do apartheid se inicia no período de colonização da África do Sul, em que os bôeres se estabeleceram no país nos séculos XVII e XVIII.

Os bôeres foram descendentes de colonos dos Países Baixos, que erroneamente é dito apenas como Holanda.

Descendentes também da Alemanha e França, os bôeres disputaram a colonização da África do Sul com os britânicos e criaram sua própria língua, o africâner.

Em 1652, a Companhia Holandesa das Índias Orientais, que tinha intenção de eliminar a concorrência europeia da rota comercial, criou a colônia do Cabo. Com essa criação, a intenção era fornecer uma escala aos navios da empresa para seguir rumo à Indonésia.

Os bôeres se aproveitavam do trabalho escravo dos nativos em suas plantations litorâneas, que era um meio de sistema agrícola, uma plantação, que explorava a mão-de-obra escrava.

A colônia de Cabo foi dominada pelo Reino Unido em 1765 e os britânicos tomaram posse da colônia em 1814. A escravidão foi abolida em 1834 e, a partir daí, iniciaram conflitos entre os bôeres e os britânicos.

Os bôeres seguiram rumo ao norte do atual território da África do Sul com os escravos e, na segunda metade do século XIX, foram fundadas as repúblicas do Orange e do Transvaal. Essas repúblicas se originaram com o massacre dos povos nativos e com isso, sociedades foram fundadas na opressão racial.

As cidades de Cabo e Natal foram tomadas por práticas racistas impostas pelo sistema colonial britânico. Foi criada a lei do passe no século XIX, que afirmava que os negros não poderiam circular por áreas que eram ocupadas por brancos e mestiços sem portar um passe com permissão. Eles não podiam andar nas ruas a noite e se fossem vistos em locais públicos, tinham de apresentar o passe.

O voto dos negros foi limitado em 1892 e proibido em 1905. Em 1894, os indianos tiveram seu direito de votar na cidade de Natal privado e, em 1906, foram obrigados a portar o passe.

No final do século XIX foi criada uma guerra entre britânicos e bôeres por causa da descoberta de jazidas de diamantes e ouro nas repúblicas de Orange e Transvaal.

Em 1910, foi criada a União Sul-Africana, uma negociação feita entre bôeres e britânicos, que anexava os territórios britânicos de Cabo e Natal com as antigas áreas bôeres. Com o domínio dos ingleses nos territórios, todo o controle político passou a pertencer aos brancos porque os negros foram proibidos de terem o direito de se sentarem no parlamento.

A partir disso, foi fundado o Partido Reunido Nacional pelos bôeres, para poder disputar hegemonia política com os ingleses.

Os africânderes (descendentes dos bôeres) elegeram o primeiro-ministro Louis Botha em 1910, e assim alcançaram o poder.
Em 1913, foi criado a Lei das Terras Nativas, que consistia na divisão de posse da terra na África do Sul por grupos raciais. Nesse ano, negros foram proibidos de comprar terras fora das “reservas indígenas”. Apenas os negros moradores da província do Cabo tinham esse direito.
A única exceção para permissão de negros morando fora de suas terras era se fossem empregados dos brancos.

Em 1918, os negros foram obrigados a morar em lugares específicos por causa da criação do Projeto de Lei sobre Nativos em Áreas Urbanas.

Jan Smuts foi primeiro ministro em 1919 e, durante seu segundo governo, os indianos foram proibidos de comprar terras.

Eleições de 1948
Nas eleições de 1948, dois partidos disputavam o poder. O Partido Reunido Nacional era liderado pelo clérigo da Igreja Reformada Holandesa, Daniel François Malan, e o Partido Unido era liderado pelo primeiro-ministro, Jan Smuts.

O vencedor foi o Partido Reunido Nacional, que percebeu o receio dos brancos com os movimentos políticos liderados pelos negros. Por conta disso, decidiu implantar a legislação de segregação racial.
Malan estabeleceu o apartheid, e logo após a implantação, houve a união dos dois partidos, formando assim o Partido Nacional.

A partir dessa união, a discriminação racial passou a ser uma realidade concreta no país. Houve implantações de diversas leis de separação de raças e somente em 1994 foi dado um fim ao apartheid.

Legislação do Apartheid
Durante o regime do apartheid, muitas leis foram criadas em benefício dos brancos. Apesar de serem minoria, eles controlavam praticamente todo o poder político e econômico no país.

Para poder dividir melhor esse poder, a África do Sul foi dividida em quatro raças: brancos, negros, mestiços e índios.

No total, mais de 300 leis foram aprovadas durante o regime, sendo as principais:

1949 – Lei de Proibição dos Casamentos Mistos
Era proibido o casamento entre pessoas de raças diferentes.

1950 – Lei da Imoralidade
Era proibido a prática de relações sexuais entre pessoas de diferentes raças.

1950 – Lei de Registro Populacional
Todas as pessoas deveriam portar um cartão que informava a que raça a pessoa pertencia. O maior problema foi com os mestiços, pois por serem de raças misturadas, tiveram alguns membros da família afastados por serem considerados de raças diferentes.

1950 – Lei de Áreas de Agrupamento
Determinava que cada área urbana deveria pertencer a determinada raça. Muitos negros foram forçados a abandonarem seus lares de origem por conta dessa lei.

1950 – Lei de Supressão ao Comunismo
O governo considerava como comunismo qualquer oposição feita ao governo, com possibilidade de implantar graves penas aos grupos de oposição. Além disso, baniu o Partido Comunista Sul Africano.

1953 – Lei de Reserva dos Benefícios Sociais Separados
Era proibido pessoas de raças diferentes ficarem nos mesmos locais públicos, como hospitais, ônibus, escolas, entre outros. Até em bancos de praças era possível encontrar placas especificando o uso somente para brancos.

1953 – Lei de Educação Bantu
Diferenciava o tipo de educação escolar para negros, de forma inferior à educação dada aos bracos.

1956 – Lei de Minas e Trabalho
Oficializou a discriminação no ambiente de trabalho.

1958 – Lei de Promoção do Auto-Governo Negro
Determinava independência de negros em algumas terras, chamadas “homelands”, que podiam ser consideradas como “países”. Eram eleitos presidentes desses “países” independentes.

1959 – Lei de Investimento Corporativo nos Bantu
Com a independência das “homelands”, foi criada a transferência para as homelands para poder gerar empregos nelas.

1970 – Lei de Cidadania da Pátria Negra
Mudou a estatuto dos negros para não serem considerados sul-africanos. Assim, eles abandonavam seus direitos e iriam em direção às homelands, e a quantidade de população branca no país poderia aumentar.

Racismo no Brasil

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O racismo é qualquer pensamento ou atitude que separam as raças humanas por considerarem algumas superiores a outras.

Quando se fala de racismo, o primeiro pensamento que aparece na mente das pessoas é contra os negros, mas o racismo é um preconceito baseado na diferença de raças das pessoas.
Pode ser contra negros, asiáticos, índios, mulatos, e até com brancos, por parte de outras raças. Por terem uma história mais sofrida com o preconceito, os negros são principal referência quando é discutido o tema racismo.

O racismo em uma pessoa tem diversas origens, depende da história de cada um. Em alguns casos, pode ser por crescerem ouvindo as diferenças e superioridade de determinadas raças, em outros, alguma atitude que moldou seu pensamento. Não importa como o racismo cresceu na mente das pessoas, mas vale ressaltar que se ele for provado, é um crime inafiançável, com pena de até 3 anos de prisão.

Além disso, algumas pessoas valorizam tanto a superioridade de raças que acreditam na purificação delas, onde dominariam o meio em que vivem. Essa justificativa apareceu na escravidão, em que os negros trabalhavam em condições precárias e eram vendidos como objetos. No nazismo, o foco principal eram os judeus, mas também perseguiam negros, homossexuais, entre outras minorias, para serem executados nos campos de concentração.

Com isso, percebe-se como o racismo fez parte da história, e como alguns grupos sofreram muito com isso.

Embora no Brasil haja uma forte mistura de raças, a incidência de racismo pode não ser tão evidente para alguns, mas ele não deixa de existir. Em alguns casos, ele ocorre de forma sutil, em que nem é percebido pelass pessoas.

Pode acontecer em forma de piadas, xingamentos, ou simplesmente evitar o contato físico com a pessoa. A verdade é que nenhum lugar está protegido do racismo.

Diferenças entre Raça e Etnia

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Embora seja dito muitas vezes como sinônimos, existem certas diferenças entre raça e etnia. Raça se expressa nas características visíveis da pessoa, ela engloba as características físicas, tais como tonalidade de pele, formação do crânio e do rosto e tipo de cabelo.

A etnia também se refere a isso, mas ela vai além das características físicas da pessoa, ela inclui a cultura, nacionalidade, afiliação tribal, religião, língua e tradições.

Dentre as várias raças humanas, as quatro principais são:

Caucasianos: De origem europeia, norte-americana, árabes e até indiana. Com exceção dos mediterrânicos, tem nariz estrito, lábios delgados e cabelos lisos ou ondulados. Tem como principais características pele e olhos claros. 

Mongoloides: De origem asiática, apresentam a tonalidade de pele amarelada, cabelos lisos, rosto achatado ou largo e nariz de forma variada. Variaram dessa raça os esquimós e índios americanos.

Australóides: Tem como características os olhos escuros, cabelo encaracolado e nariz largo. A tonalidade da pele é escura, quase negra.

Negros: De origem africana, apresentam as características de pele escura, olhos escuros, lábios grossos, nariz achatado e cabelos crespos.

Como no Brasil há uma mistura de raças muito forte, algumas se tornaram principais no país, além das quatro citadas acima. São elas:

Mestiços: Mistura de duas ou mais raças.

Mulato: Descendente de branco com negro.

Caboclo: Descendente de branco com índio.

Cafuzo: Descendente de negro com índio.

Após a colonização, os portugueses trouxeram os negros para serem escravos no país. A partir daí, implica-se dizer que os principais grupos a habitar o país foram os portugueses, índios e negros. Esses grupos ajudaram a construir a mistura de raças que compõe o país atualmente. Além deles, vieram os italianos, japoneses, espanhóis, entre outros.
A partir dessa união de raças desenvolveu-se o que é o país hoje em dia, e como passaram a ser criados novos costumes e tradições, nascendo assim a etnia.

O caso Aranha e o antirracismo de marketing

O caso de Patrícia Moreira – a moça flagrada chamando o goleiro Aranha de macaco, no jogo do Santos contra o Grêmio - não será o último, por mais que os envolvidos – em especial o time gaúcho, ameaçado de perder os pontos  – tenham sido céleres na identificação e punição, na esfera administrativa, da moça e de outros integrantes da torcida.

Basta ver as reações dos cartolas e do próprio técnico Felipão – para se observar que, mesmo recriminando o comportamento racista da torcedora – alvo da ira de amplos segmentos nas redes sociais –, todos falam do problema como um detalhe, uma transgressão, um comportamento inadequado e coisas do tipo.

Neste país, o último a abolir a escravidão negra no Planeta e que mantem uma modalidade de racismo silenciosa, dissimulada (nem por isso menos letal) que permeia todas as relações sociais parece que pouca gente se propõe a encarar de frente o monstro e com ele ajustar contas.


O crime praticado pela moça em questão está perfeitamente previsto no parágrafo 3º do art. 140 do Código Penal Brasileiro – injúria qualificada, com pena prevista de até 3 anos e multa.

Porém, já a injúria racial, que passou a ser crime a partir de 1.997, por emenda do senador Paulo Paim, ao Código Penal, já faz parte do velho jeitinho brasileiro do “deixa prá lá”, “vamos criar uma categoria de punição do racismo, menos dura e com isso desqualificar o crime considerado inafiançável e imprescritível previsto na Constituição de 1.988, para outro que seja afiançável e prescritível". E mais: que dependa de representação da vítima.

Neste caso, com toda a repercussão na mídia e nas redes sociais, se o goleiro Aranha não utilizar o prazo de seis meses para representar contra Patrícia Moreira, o Estado não poderá exercer o “jus puniendi” (o direito de punir) e, consequentemente, nada acontecerá a moça na esfera penal, nem mesmo a condenação ao pagamento de cestas básicas a alguma instituição de caridade gaúcha. Foi o que aconteceu em outro rumoroso episódio, o envolvendo o zagueiro Desabato e Grafite, à época no S. Paulo.

Por outro lado, o episódio além de expor a ignorância daqueles que, mesmo recriminando a agressora, se saem com palavras que demonstram não terem noção do que falam, igualmente mostra o farisaísmo das campanhas que, com frequência, são lançadas contra o racismo - a mais recente e notória a que teve como lema “Somos Todos macacos”, em que Neymar estimulado pela Agência Loducca e globais como Luciano Huck, pretenderam cair no embalo do gesto do lateral Daniel Alves, do Barcelona, ao descascar e comer uma banana atirada por um torcedor.

Onde estão os protagonistas de tais campanhas?

As faixas com que o Santos e o Botafogo entraram em campo nesse domingo (31/08), em protesto contra o episódio e em solidariedade a Aranha, igualmente, são a expressão da ignorância: “Somos preto/Somos branco - #somosumso”. Como se trata de dois times alvinegros fica-se sem saber o que pretenderam dizer. Uma coisa é certa: a eficácia de uma campanha antirracista com esse tipo de escapismo linguístico tem como soma zero.

Na verdade, além da lei que precisa ser cumprida e não necessariamente com o encarceramento ou “prisão”, que o senso comum imagina ser solução para qualquer qualquer crime, por força da cultura que alimenta um tipo de política criminal que está mais para vingança do que para Justiça. É necessário que a CBF e os grandes clubes de futebol iniciem uma campanha de reeducação antirracista com amplo apelo, não só das torcidas organizadas – redutos dos ódios e instintos mais primitivos, e até de facções criminosas – mas na sociedade em geral.


Essa campanha poderia e deveria ser encampada pelo Estado - Executivo, Legislativo, Judiciário, o Poder Público, enfim, Governos e Prefeituras – e buscaria disseminar o conhecimento a respeito do tema da escravidão de que foi alvo a população negra brasileira por quase 400 anos, suas consequências e sequelas e como estas sequelas ainda se manifestam nos dias de hoje na negação de direitos.

Fora disso, vamos viver sob factóides de "campanhas-evento", de gestos para o marketing como o produzido em março pela Presidente Dilma Rousseff, sempre após casos desse tipo, que continuarão ocorrendo nos estádios e fora deles, e adotando a prática hipócrita de defender a adoção de medidas cosméticas para um problema – a herança maldita da escravidão – que é um dos elementos estruturantes da desigualdade social brasileira.

Pior: vamos continuar ouvindo muito blábláblá, o argumento da justiça como vingança e a manutenção de uma ordem social, em que negros – mesmo quando viram astros nos estádios – nem assim conseguem se livrar da visão de uma parte da sociedade: de que são inferiores e continuam ocupando a escala mais baixa dos primatas – sem jamais atingir a condição de seres humanos.

Foi isso o que quis dizer a moça, a plenos pulmões, ao chamar Aranha de macaco.

fonte: afropress.com

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