O Brasil foi achado pelos portugueses, que começaram a exploração dessa terra e, para isso, precisavam de mão de obra. Escolheram, inicialmente, os indígenas; porém, eles precisavam pagá-los com algum objeto: trocava-se madeira, ouro e demais recursos naturais, por futilidades, objetos como: espelhos, pentes e etc. Assim, trocaram a mão de obra indígena pela negra.
Os portugueses haviam adotado a escravidão nas ilhas de seu domínio no Atlântico: Ilha da Madeira, Cabo Verde, Açores, São Tomé, onde existia a exploração e cultivo da monocultura: cana-de-açúcar que, na época, estava em alta. Os escravos africanos trabalhavam sem nenhum conforto; então, saia barato para eles, o que lhes rendeu muito lucro.
Nas terras tupiniquins, era necessário mão de obra e eles decidiram transportar escravos da África para o Brasil. Aqui, eles prestavam serviços em engenhos e movimentavam a economia. Maltratados, muitos deles se rebelavam contra seus senhores. Alguns fugiam, mas eram capturados e açoitados.
Comunidades Quilombolas
Os negros não tinham direito a nada, apenas ao trabalho, caso contrário estariam sujeitos a açoites. Então, os negros começaram a fugir e montar sociedades clandestinas, as quais os respeitassem e lhes dessem dignidade e, sobretudo, liberdade. Uma das mais notáveis sociedades foi o Quilombo dos Palmares, lideradas por Ganga Zumba.
Os primeiros habitantes eram escravos oriundos da Angola, que se encontravam no Brasil, e se localizava nas regiões montanhosas da capitania de Pernambuco. Eles vinham fugidos das capitanias de Pernambuco e da Bahia. Havia uma região repleta de palmeiras, na região do estado de Alagoas, onde hoje se está a cidade de União dos Palmares. Nesta cidade existia um quilombo.
Nos quilombos, havia todo um sistema organizado de hierarquias políticas, econômicas, sociais e militares, assim como num país soberano. Os habitantes eram chamados de quilombolas. As comunidades eram afastadas em locais de difícil acesso, para que os portugueses não pudessem chegar e os aprisionar novamente.
Depois da morte de Ganga Zumba, assumiu em seu lugar, Zumbi dos Palmares, como era conhecido. Sobrinho do ex-líder, Zumbi era um homem inteligente e militarmente estratégico. Zumbi saía com suas tropas para atacar os engenhos e libertar os escravos. Utilizava de ataques surpresa e saqueava os europeus e suas armas.
Os portugueses sentiram a necessidade de acabar com os quilombos, uma vez que a mão de obra escrava estava quase que escassa no território brasileiro. Foi preciso 18 expedições portuguesas para a total erradicação do Quilombo dos Palmares. Foram 60 anos de resistência dos escravos fugidos.
Portugal havia feito várias investidas sem sucesso contra o Quilombo dos Palmares, o maior de todas as comunidades e mais elaboradas que as aldeias dos indígenas do Brasil. Incomodado, o capitão-general da capitania de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, decidiu contratar o bandeirante Domingos Jorge Velho e o capitão-mor Bernardo Vieira de Melo.
Domingos era experiente nessa área de exploração e extermínio, pois já executava os indígenas no nordeste brasileiro. Fez várias expedições pelo Brasil e, então, foi chamado para a missão frustrada de destruir o Quilombo dos Palmares. Levou consigo, Bernardo Vieira de Melo, sertanista e administrador colonial. No período de 1697 a 1701, foi governador do Rio Grande do Norte.
Destruição do Quilombo dos Palmares
Bernardo e Domingos Jorge Velho destinaram suas tropas a aniquilar o quilombo e obtiveram sucesso. A necessidade da destruição se deu após as invasões dos holandeses ao território brasileiro. Expulsá-los exigiu um trabalho árduo das tropas portuguesas, uma vez que os neerlandeses se encontravam em boa situação, com estrutura.
O Brasil era invadido por outras nações e sempre os portugueses conseguiam expulsar os intrusos. E a ideia de aniquilação estava destinada aos negros fugitivos. Pelo que, não conseguiram por seis décadas de batalha. Isso perdurou até a chegada de Domingos Jorge Velho.
Palmares acabou com a expedição de Domingos Jorge Velho: ele saiu com mais de seis mil homens, fortemente armados e uma artilharia pesada. Capturaram um quilombola e, prometendo a liberdade ao ex-escravo em troca de informações sobre Zumbi, fizeram-no falar. Eis que armaram uma emboscada para o líder do quilombo e o mataram. Hastearam sua cabeça em praça pública. Com isso, acabou-se o Quilombo dos Palmares, depois de mais de um século.
Ainda existem quilombos no Brasil?
Todos acreditam que os quilombos tenham acabado, juntamente com o fim da escravidão no Brasil, porém as comunidades remanescentes de quilombos existem até hoje espalhadas pelos estados brasileiros. Outros países também abrigam comunidades quilombolas como a Colômbia, Suriname, Honduras, dentre outros.
Algumas encontram-se em regiões mais distantes outras em centros urbanos. Não há estimativas de um número oficial de comunidades quilombolas no Brasil, mas acredita-se que aproximadamente 2.000 a 3.000 comunidades estão espalhadas pelo território brasileiro.
Geralmente, estas comunidades são formadas pelos descendentes de escravos negros, que persistiram durante a época da escravidão. Eles compartilham um território comum e as suas características culturais. As comunidades se diferenciam-se umas com as outras, pois cada grupo aprendeu a viver por meio de estratégias próprias de sobrevivência.
Apenas em 1988, o Brasil deu aos quilombolas o direito de suas terras, inserido na Constituição Federal, no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), outros direitos foram garantidos também na Constituição como o direito de preservar a sua cultura.


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